9.12.25

Porque não me ufano


O terceiro mundista não tem nenhuma capacidade de potencializar novas experiências que poderiam inclusive levar à construção de uma sociedade culta e letrada. O que se configura como paisagem urbana são forças desorganizadas articuladas ao capital. A desigualdade é econômica e espacial. A diversidade social não existe, as forças homogeneizantes abrangem todos os espaços, capturando a subjetividade das pessoas. A paisagem do periférico do mundo está muito longe de ser moderna e os pobres estão sendo removidos dos centros das cidades e substituídos por uma classe média inculta e perversa. Eis o processo de gentrificação. O conformismo social.

Basta uma volta à esquina para ver que não há renovação urbana. Governo nenhum assegura uma situação melhor para todos. A monotonia estética e da falta de vitalidade são duas características das cidades brasileiras. O tecido físico não apresenta casas bonitas, ruas bonitas, usos variados de cafés, calçadas e ciclovias e, sobretudo, livrarias. O brasileiro não consome beleza em nenhum momento de sua vida, sua "cultura musical" é péssima, seu imaginário pobríssimo, sua cultura letrada zero. A tarefa educativa e formativa de elaboração de novos tipos de humanidade está fora de questão. Outro fator visível é a falta de iniciativa para espaços e projetos alternativos à orientação mercadológica. Incorporadoras imobiliárias visam apenas o lucro. E não existe controle contra o poder do mercado, muito menos luta.

Cultura, justiça social e autenticidade custam a ser prioridades do brasileiro. A criação de espaço urbano novo e autentico não será produto nacional.