4.6.08

[De histeria em histeria]

[The first people I, de Marlene Dumas, 1990]


Passei a bola pro Rodrigão. E vejo que o bagulho funcionou. E gostei da versão histérica do meu parceiro. Não de cama, nunca confundir alhos com bugalhos. A bola era. Aquilo que todo mundo entende. E sabe como é na roda. Bagulho foda. Dizem ser da boa. O que conta é o ritual sociável. E hoje. Hoje. Faz algumas horas atrás. No restaurante universitário sentou uma menina na minha frente. Onde ela sentou? Bem aqui assim, ó. Cara a cara. Estudante de filosofia. Ela me disse que final de semana releu o Retrato de Dorian Gray. E emendou: de que adianta a intelectualidade sem a experiência. Era comigo? Como poderia interpretar tal. Indireta? Não sei. Sei mesmo que reparei nas mãos dela. Sempre é a primeira parte do corpo feminino; as mãos. Numa mulher também. Não, não sou mentiroso. Sou assim mesmo. Verdadeiro. Tá. O rabo é a terceira coisa em que tasco aquele bisú. Antes vem a boca. Boca vermelha. Envolvendo. Não, ainda não. Deus sabe como fico com unhas vermelhas. Não eu, as unhas dos dedos da menina. Elas me deixam. Coisa meio. Uma profundidade erótica de unhas arranhandos as minhas costas. Passou. Sim. Pela minha imaginação. Fértil além da conta. Já. Já me chamaram de Nelsinho. Oras bolas, como diria o vampiro, no fundo de cada filho de família... bem, para bom entendedor. Sabe. Outra coisa que gostaria de. As bucetas ninjas, meu. Muita gente não tem gostado, ou gostaram. Muito tabu falar palavrão. Ou expor a palavra quase que nua? Isso existe. Mas. 40 graus. Sezão. Mergulhei no delírio do orgão sexual. Feminino. Atravessavam a faixa de pedestre. Eram muitas. Empunhavam espadas. Estrelas de aço. Adagas. Como? Segurando pelos pentelhos. Não, não tinha nenhuma raspadinha. Não é a minha. Nem no meu insconsciente. Eu acho. Como diria o Solda, vai tudo pêlos pelos. Ou troquei as? Cadê o poetinha? Hoje ele não veio? Anda um pouco neurótico por causa das minhas obsessões. Dia desses queria que eu tocasse um pôrno-samba. Vê se pode.

Ademais...
a histeria do meu camarada:


[Histeria]


Bebês superdotados e ultra-sensitivos promovem passeata no centro da cidade. Chorando histéricamente de mãos dadas, invocam a Gigante Chupeta Dourada, que deverá descer dos céus para mergulhar nos oceanos do inconsciente coletivo de maneira permanente, satisfazendo os impulsos mamíferos de toda civilização.


[Rodrigo Pallú]