1.10.09

panis et circense

joga bosta na Geni

[chico buarque]

não era dalton trevisan que já assinalava no seu estilo preciso e categórico que o conto é e sempre será maior que o autor? octavio paz - por que não? - em seu cuadrivio num ensaio à parte sobre o el desconocido de si mismo, pensando em fernando pessoa e seus heterônimos, diz que los poetas no tienen biografía. para pegar voo com o vampiro, paz complementa: su obra es su biografia. E para mim está de bom tamanho.

agora, com muito pesar - pois guardo uma admiração no peito pelas composições do tio lema - eu pergunto, e é aí que o bicho pega: o que é aquela imagem do polaco? afinal, como se constrói uma figura? que valores carregá-la para o olhar do espectador? uma fotografia, sem legenda, diria tudo? a imagem que nos foi criada para dar a impressão do quê? a que mito queremos nos render? um exemplo? mas do quê? Para quê?

o ensaio fotográfico gira por trás de um homem das letras, como é obviamente visível em seu escritório com vista pro quintal. um ser da linguagem distraído no cotidiano do seu atrapalhado trabalho, assim se pode deduzir lendo suas traduções. sua profissão: poeta. era mesmo, ou pura jogada de malandro samurai? por que a respiração presa para a formatação do porte físico do ex-judoca; e me diz, para quem era o olhar?

também festejaram, em londrix, com programação para as crianças - pura ironia do destino - o tributo ao pau d'água chamado as mulheres de leminski. isso seria alguma besteira de mau gosto, ou desde sempre tudo não passou de uma palhaçada? porque essa eterna curiosidade pela intimidade chinesa de cada um? aqui não acontece o fenômeno decadente da arte à fofoca? de olho na fotinha.

ontem comemorou-se a vida de leminski em sampa. convite do ademir para os amigos, segundo eu li; não para os seus leitores. e quase terminando, uma última pergunta: porque alguns querem ser donos até do filho da puta que se converteu em arquivo para os cofres do banco Itaú?

ocupação-exposição?
- brrrrrrrrr!

quando os discursos mudam, quando se vira a bancada para o bolso de alguém, a língua se verga às instituições capitais.