12.12.09

pega ladrão

a floresta é amiga quando se entra armado

[Hilda Hilst]

Era uma vez um índio, destes em extinção,
que se escafedeu para dentro do mato fechado.

O caçador em seu percalço vinha abrindo brecha com o facão e atirou na mira do calibre doze.

A bala atravessou a nuca do índio:
que caiu sangrando numa poça de lama.

O caçador aproximou pra mexer no matinho que tapava o pau e o cu do índio.

O caçador tinha uma narina aguçada
pra farejar.

O caçador tinha, também, um bom tato pras coisas.
Vasculhando o corpo do índio encontrou
cápsulas de um comprimido.

Botou na língua pra conferir:
agora, elas eram da posse do caçador, que tinha um bom paladar.

Mais tarde, ao redor do fogo,
o caçador as revenderia no mercado negro da aldeinha.