8.12.09

tio Mário

Em idos de uns anos atrás na distância da lembrança de mim ainda pivete, tive um tio que era apontado na rua como o bonitão, isto é, trocando em miúdos: o pegador, conforme cochichava a prima com certo apetite para minha irmã. Neste tempo, sabia que papai sentia uma ponta de inveja só pelo olhar lançado ao tio e que mamãe não aprovava a postura dele excomungando as mulheres, dizendo isto e aquilo até o fim do discurso arrematando que todas eram umas lambisgóias.

Garanhão de bigodinho fino, cigarro no canto da boca, sapato branco e gravata borboleta, meu tio era muito o máximo não porque ele me dava umas moedinhas ou comprava paçoca no bar do Magrão me fazendo uma gracinha na cabeça, mas simplesmente pelo fato dele atiçar a curiosidade das mulheres da vizinhança quando chegava no seu Chevette amarelo todo posudo com o braço esquerdo estendido pra fora na visita habitual de fim de semana em nossa casa.

As mulheres, quando ouviam o estampido da caranga, corriam à janela, estendiam os bracinhos brancos como se fossem pinturas ou retratos antigos; outras sentavam na cadeira da varanda enfeitadas, cheias de cores. Vestidinho do qual podíamos vislumbrar um pedaço do tornozelo. Isso tudo me arrepiava. E as luvas enfeitavam as mãos naquela época belle.

Eu me divertia vendo o tipo desse meu tio da cidade grande e queria, quando crescesse, ser como ele: um tiozão!