10.12.09

cartão-postal


["...Acordei no dia seguinte muito cedo, as roupas em desordem, as cobertas também, e Anne a meu lado, nua naturalmente. O esforço que deve ter feito! Eu continuava a segurar a panela. Olhei para dentro dela. Não me havia servido. Olhei meu sexo. Se ele soubesse falar. Não direi mais nada sobre isso. Foi essa a minha noite de amor."]


Maria,

eu tou triste pra jeca, mas foi assim mesmo, debaixo desse sentimento que me tornei, com o perdão da franqueza, num animal: um cavalo sem égua relinchando pelos becos. Escuros, sim. Ai!
Não é que te conto que ontem, por empréstimo, eu li o Primeiro amor, do Beckett, como você deve ter percebido na epígrafe carinhosamente carinhosa, logo antes em cima abrindo o postal. Mas, ô!, santa mãe de deus, rogai por nós, que homenzinho mais desiludido, não é? Sujeito mentiroso este narrador.

No mais, assim assim eita lasquera, a vida sem mistificação me leva a crer que a sopa rala mal dá pra salgar a língua.

Um beijo do teu Ulissezinho
do fundo do poço.