
Eu detesto escola. É uma perda de tempo miserável. Minha mãe me ensinou a ler, escrever e fazer as quatro operações. O resto foi aos trancos e barrancos.
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Meu colegial ensinou a dar sinal de sete-de-copas, beber e fumar.... A besta do professor de português, em três anos, recomendou um único livro decente: O Apanhador no Campo de Centeio.
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...as melhores escolas do Brasil formam uma legião de cretinos semianalfa. [...] Ninguém sabe de nada, ninguém lê, ninguém escreve direito, ninguém fala inglês, e pior: ninguém é curioso. [...] Minha teoria é que toda escola serve para esmagar o espírito e a imaginação do ser humano para que ele se torne um escravo zumbi da sociedade.
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Dos 12 anos pra frente é sacanagem trancar a molecada nas salas de aula. Porque aí já é hora de enfrentar as questões fundamentais da existência. Aprender a transar, dirigir, ganhar dinheiro, cozinhar, ajudar o vizinho, se dar bem com a sogra e reconfigurar o acesso à Internet.
E o principal: aprender a se manter curioso. Quem é curioso lê e experimenta, pula muro, tem conversas estranhas, faz conexões, cria universos. Pensa com a própria cabeça. É o que interessa. Ok, existem escolas diferentes, mais experimentais, moderninhas e carinhas. Mas não comemore ainda, caro amigo de classe média alta. As alternativas ao sistema decoreba imbecializante são tão preocupantes quanto.
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[André Forastieri
Caros Amigos, fevereiro de 2001]
Caros Amigos, fevereiro de 2001]