23.10.17

Mulheres libertárias: um roteiro



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Inteligente, cultíssima, de argumentação fácil, corajosa, desassombrada, anarquista, anticlerical, de convicções firmes e francas, pioneira do Amor no plural e da Procriação consciente, não cabia dentro das dimensões geográficas e intelectuais do Brasil. Maria Lacerda de Moura desagradou a machistas e chauvinistas, a políticos e religiosos de todos os credos, em que nunca acreditou. Por isso foi cercada, asfixiada, silenciada, sua revista sabotada. Suas obras e seu nome continuam esquecidos até hoje, inclusive pelas feministas. E, no entanto, essa mulher libertária, vulcânica, quando vergastava com sua pena e sua palavra a burguesia, o militarismo, a igreja, o Estado e os manipuladores do ensino, transpirava humanitarismo por todos os poros, suavidade e doçura quando escrevia ou falava sobre educação. 

Francisco Correia