23.7.18

carnificina

Nós deveríamos nos orgulhar
do nosso alto padrão de vida.

Enquanto muitos discutem a qualidade das questões da vida, uma coisa é certa: do ponto de vista do meio ambiente, os carros estão dizimando o planeta. Automóveis são uma das maiores fontes de poluição e de destruição ambiental no planeta. Quase metade de todo o petróleo produzido no mundo é consumido por carros. Metade da poluição atmosférica, da poluição tóxica do ar, um terço da fumaça e praticamente um terço de todos os gases de efeito estuda são emitidos por carros. Essas emissões são, no entanto, somente a ponta do iceberg (derretendo). Nos E.U.A., os carros são responsáveis por pelo menos um quarto dos contaminantes presentes nos córregos, sob forma de chuva ácida, gases poluentes, postos de gasolina, baterias, vazamentos de navios petroleiros, escoamentos e despejo de óleo por pessoas brincando de mecânico nas horas vagas.

Desde a espuma e do plástico presente nos assentos, até o petróleo nos pneus, cada carro é uma pequena fábrica de sujeira. Várias toneladas de resíduo e 918 milhões de metro cúbicos de ar poluídos são gerados somente na produção! Durante seu ciclo de vida, nas ruas, cada carro produz outros 994 milhões de metros cúbicos de ar poluído e dispersa na atmosfera mais 18 kg de partículas de pneu suado, detritos de freio e superfície de estrada gasta. Essa fuligem preta ou "pó de pneu" contamina nossos pulmões e cursos d'água.

Eu os assistia enquanto se acumulavam em minhas janelas e em minha varanda em Oakland. Não é de se espantar que crianças que vivem próximo a estrada em bairros pobres apresentem mais altos índices de asma.

Pilhas crescentes de pneu usado representam um sério problema de resíduo tóxico. Somando hoje em dia quase um bilhão somente nos E.U.A., esses pneus sujam repositórios de águas subterrâneas com zinco e metais pesados, e frequentemente pegam fogo. Consequentemente, o seu descarte e eliminação são muito trabalhosos. Os esforços feitos para recuperar-se óleo a partir deles, reciclá-los em outros produtos, ou adicioná-los ao material usado na construção de estradas, apesar de serem melhor do que nada, vem tendo um impacto mínimo. Em alguns casos, esses esforços têm resultado em impactos ambientais ainda piores. Nos E.U.A., atropelamentos por motoristas matam e mutilam cerca de 400 milhões de animais por ano, mais do que as mortes causadas por caçadores e aventureiros somadas! Somente os consumidores de carne representam parcela maior. Pior, de todos os assassinos, os carros são os que matam de maneira mais indiscriminada. Além de cervos e de inúmeros outros animais mais comuns, os veículos a motor matam também diversas espécies ameaçadas de extinção. Ursos negros e panteras nativas da Flórida, além de caribus ameaçados do Sul de Brtish Columbia e do norte de Idaho, têm sido devastados por carros.

Em parte devido às mortes de animais nas estradas, rodovias tem por efeito de dividir efetivamente habitats.

Um anel viário construído em torno de uma cidade costeira tem por resultado que os animais na parte interior do anel não possam sair para se alimentar os acasalar com os de fora. Uma grande estrada que atravessa uma floresta ou área selvagem produz o mesmo efeito. O resultado é uma diminuição do patrimônio genético, o que diminui as chances de uma espécie sobreviver a uma determinada doença, a secas ou mudanças ambientais graves. É precisamente por esta razão que as estradas são consideradas uma grande ameaça ao restante dos pandas gigantes.

Aí vem a poluição proveniente da manutenção das estradas. Sais e agentes de degelo são usados para manter as estradas do norte livres de gelo e neve. Além de corroer carros e enferrujar pontes e infraestruturas, estes sais atingem poços e zonas húmidas, e tem por efeito a salinização de águas subterrâneas e o crestamento das árvores mais antigas e da vegetação autóctone. Herbicidas usados para controlar a vegetação de beira de estrada têm um impacto semelhante, contaminando o solo e sujando águas subterrâneas.

Por fim, a construção de rodovias promoveu o desenvolvimento de subúrbios, trazendo a devastação ambiental causada pelos carros para ainda mais longe, em áreas rurais e selvagens. Mesmo se deixarmos de lado a poluição causada pelos carros, os cientistas acreditam que a expansão suburbana a ela mesma contribui para o aquecimento global, uma vez que a chegada do asfalto desloca árvores e espaços verdes que normalmente absorveriam dióxido de carbono e esfriariam a temperatura da superfície.

Sem dúvida, essa expansão da periferia incentiva o cultivo não-orgânico de tipo agronegócio, concentrando e movendo a produção de alimentos para ainda mais longe do consumidor. Nos E.U.A., uma porção de comida tem agora de viajar em média 2.255 quilômetros para chegar ao prato. As pessoas estão se tornando cada vez mais dependentes do petróleo para poder comer! O "American Farmland Trust" estima que entre 1 e 1,5 milhão de acres de terras agrícolas nos E.U.A. são consumidas anualmente por essa expansão. Se a tendência continuar, essa perda irá prejudicar a capacidade do país de exportar produtos alimentícios e até mesmo de satisfazer o mercado interno.

Como já foi dito acima, podemos debater se carros melhoram ou pioram a nossa qualidade de vida, mas não há como discutir o seguinte fato: se não pararmos de construir mais carros e estradas, nosso meio ambiente, e nós, que dependemos dele para viver, estaremos fritos.

Randy Ghent
Trad.: Daniel C.