23.8.18

changer le monde sans prendre le pouvoir



Não lutamos como classe trabalhadora, lutamos contra ser classe trabalhadora, contra ser classificado [...] Não há nada de bom em sermos membros da classe trabalhadora, em sermos ordenados, comandados, separados do nosso produto e do nosso processo de produção. A luta surge não do fato de sermos classe trabalhadora, mas do fato de "sermos e não sermos" classe trabalhadora, de que existimos "contra e para além" de sermos classe trabalhadora, de que tentam nos ordenar e comandar, mas não queremos ser ordenados e comandados, de que tentam nos separar do nosso produto e nossa produção e de nossa humanidade e de nossas identidades, e não queremos ser separados de tudo isso. Nesse sentido, a identidade de classe trabalhadora não é algo "bom" a ser estimado, e sim algo "ruim", algo a ser combatido, algo que é combatido, algo que está constantemente em questão.

A classe trabalhadora não pode se emancipar na condição de classe trabalhadora. É apenas em nossa condição de não classe trabalhadora que a questão da emancipação pode sequer ser postulada [...] A classe trabalhadora não está situada fora do capital, pelo contrário, é o capital que a define (a nós) como classe trabalhadora. O trabalho se opõe ao capital, mas é uma oposição interna. É somente com o trabalho na condição de algo mais do que trabalho, e o trabalhador, mais do que um vendedor de força de trabalho, que a questão da revolução pode sequer ser colocada.

John Holloway