27.9.18

Amor com dureza


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O punk se transformou em uma identidade global que significou muitas coisas diferentes para muitas pessoas diferentes. [...] o que o punk moldou foi uma postura Faça Você Mesmo (Do It Yourself – DIY). Em vez de ficar sentado idolatrando astros do rock ou gurus que supriam as pessoas com doses de uma ou outra viagem grátis, os fãs do punk eram encorajados a pegar suas próprias guitarras, um mimeógrafo ou algumas roupas velhas – ou o que quer que estivesse disponível e fosse barato – e se expressar. À medida que os anos 1970 desaguaram nos anos 1980, um núcleo de grupos punks sérios e insubordinados de orientação anarquista desenvolveu instituições alternativas coerentes, hábeis e resistentes com as quais a esquerda hip só poderia sonhar. Selos musicais alternativos, clubes para apresentações, fanzines, clubes de troca de fitas cassete, vídeo e filmes independentes surgiram da estética punk. Coletivos políticos punk e ocupações ajudaram jovens de inclinação contracultural a sobreviver à era Reagan/Thatcher e abasteceram as tropas com várias manifestações contra o sistema durante aquela época. E comunas anarco-punks rapidamente podiam ser encontradas praticamente por toda parte: no México, na Europa Oriental no exato momento em que os muros stalinistas estavam caindo, nos Bálcãs, ao longo de todos os problemas da região.

Essa resistente contracultura punk global sobrevive até hoje. A maior ironia do punk talvez seja que a mais impaciente de todas as explosões tenha desenvolvido um poder tão permanente.

Ken Goffman e Dan Joy
Trad.: Alexandre Martins