12.6.19

O falso princípio de nossa educação


Em pedagogia, como em outros campos, a liberdade não pode expressar-se, nossa faculdade de oposição não pode exprimir-se; exigem-se apenas a submissão. O único objetivo é adestrar à forma e à matéria: do estábulo dos humanistas não saem senão letrados, do estábulo dos realistas, só cidadãos utilizáveis e, em ambos os casos, nada além de indivíduos submissos.

A vida escolar só engendra pessoas incultas. Adquirimos o hábito, em nossa infância, de resignarmos a tudo o que nos era imposto: do mesmo modo mais tarde, resignamo-nos e adaptamo-nos à vida positiva, adaptamo-nos à nossa época, tornamo-nos seus servidores, o que se conveio chamar de bons cidadãos. No entanto, onde encorajam o espírito de oposição em vez de espírito de submissão nutrido até ao presente momento? Onde se formam indivíduos que criam e não indivíduos que aprendem? Onde o mestre se transforma em companheiro de trabalho e reconhece que o Saber deve tornar-se Vontade? Onde está a instituição que se propõe por objetivo liberar o homem e não se limitar a cultivá-lo? 

A cultura geral dispensada pela escola deve ser uma educação para a liberdade e não para a submissão: a verdadeira vida é sermos livres.

Não podemos exprimir toda a nossa personalidade quando nos comportamos como membros úteis da sociedade, mas podemos fazê-lo perfeitamente quando somos homens livres, autocriadores (que nós mesmos criamos).