Pintar o capitalismo de "verde" não o tornará sustentável. Tampouco limitar o nosso consumo. Quando a economia recompensa comportamentos destrutivos, aceitar limitações voluntárias significa apenas ceder poder à competidores menos escrupulosos. Da mesma forma, enquanto esses incentivos persistirem, somente o governo mais autocrático poderia evitar que as pessoas os perseguissem. Ao colapso ecológico ou o fascismo ecológico - deve haver outras opção.
Junto com toda instituição, moeda ou forma de hierarquia, existem valores e práticas sutis que permitem que ela funcione. Assim como nada pode servir de capital sem a convenção de propriedade privada, as delegacias de polícia seriam impossíveis sem as convenções da autoridade e do dever. Isso não são apenas abstrações, mas relacionamentos dos quais as pessoas sentem que são reais, embora sejam construções sociais. A polícia define um modelo do que significa deter o poder: crianças crescem brincando com bonecos de ação, pessoas-adultas-policial-umas-às-outras-em-milhares-de-maneiras. Isso molda a nossa imaginação de forma que mesmo quando queremos nos libertar nós frequentemente assumimos papéis opressivos familiares.
Assim como indivíduos podem ser intercambiáveis dentro das instituições, as instituições podem ser intercambiáveis em realizar certas funções. Além do policiamento, podemos identificar muitas outras funções, não tão descaradamente opressivas, mas não menos centrais ao funcionamento do capitalismo. Se queremos transformar nossa sociedade, não devemos somente derrubar as instituições, mas também identificar as funções a que servem, ou corremos o risco de assumirmos nós mesmas essas funções. Sem o capital ou a polícia, novas moedas podem surgir para impor opressão e alienação.
Não existe razão para acreditar que a derrocada do capitalismo irá automaticamente trazer um mundo livre. Isso depende de nós.
