Notícias da antiguidade contemporânea

No lugar de examinar as instituições e as classes sociais, as estruturas de produção econômica e controle social, há que pensar em momentos. Distrair, relaxar e "curtir a vida" e não problematizar. A ilusão funciona para fazer com que as pessoas se comportem como o capitalismo as deseja que se comportem.

Sem voz própria, sem questões, alienadas de percepção da engrenagem da máquina do trabalho, alienadas do seu processo social, perdidas entre manter um trabalho de merda para não ter que recorrer a outro trabalho de merda, os telespectadores não acham saída, impossibilitados de imaginar não buscam soluções, um outro mundo nunca foi possível e jamais será possível.

No lugar de compreender como funcionam as estruturas forja-se para o colonizado do terceiro mundo uma ilusão publicitária muito bem produzida. Os olhos do telespectador despreparado, carentes de percepção da análise crítica, não conseguem interpretar o que está diante do seu nariz.

Foi transmitido (não ousemos nomear tal condicionamento de instrução) para o terceiro mundista que a riqueza e a pobreza de formação social são fatores metafísicos. A linguagem da religião contaminou a linguagem do trabalho. A consciência de classe entrou em crise definitiva.

É preciso estar em condição de felicidade absoluta. Sempre motivado, sempre preparado, sempre em missão. Cultuar algum mito, alguma personalidade, crer acima de tudo e deixar empobrecer o conhecimento real. Em outras palavras: não ser sujeito da história.

A elite do atraso triunfa.