Still stare at my face
but lost seem your eyes
Foram três meses de isolamento, sem TV, telefone, rádio, internet, no sítio de Rafael, na cidade de Tapiraí, interior de São Paulo, que os rapazes do heavy metal melódico compuseram a peça musical Holy Land.
André Matos conta que o conceito do disco nasceu da música homônima: "o álbum é sobre o Brasil, sobre nossa pátria, não sobre o país em si, mas sobre a cultura e a mistura de raças na cultura". Além de ser uma homenagem à cidade Piedade.
A mãe de André, Sônia, narra que ele gostava muito da quinta de Rafael, mesmo não tendo muita coisa lá. Era "uma casa bem simples caindo aos pedaços, tudo muito rústico, mas o André adorava. Eles brincavam muito, plantavam. Tinha apenas uma casinha de tijolinho, um lugar que ele gostava muito de visitar".
Certo dia, André caminhava pela floresta quando teve um insight para a melodia de Holy Land. Correu para o quarto, escreveu e a colocou em fita.
Ricardo Confessori achava o André muito acadêmico. Muito isolado. Comportamento de perfeccionista, por isso era o maestro.
Confesso que não sou muito aficionado pelo gênero white metal, mas esse álbum conceitual é fenomenal. De fato, uma obra-prima. Negar isso, é negar a capacidade intelectual e criativa de André Matos, o profissionalismo dos instrumentistas do heavy metal. Sem contar o conhecimento histórico do quinteto e suas referências literárias.
E pensar que no interior, em uma casa pequena, cinco jovens compuseram esse maravilhoso disco de power metal recheado de estilos folclóricos, elementos indígenas e música erudita para explicar a colonização e a miscigenação no Brasil.
O lirismo de André Matos faz falta no cenário musical.