[1940-2013]
A década de 70:
trazer tudo de volta ao lar
[...]
Tempos atrás, numa tarde de outono, vi uma adorável jovem num vestido encantador cor de vinho, que visivelmente voltava da parte alta de Manhattan (de um espetáculo, uma premiação, um trabalho?), subindo os longos lances de escada que levavam à sua água-furtada. Com um braço, ela segurava uma vasta sacola de compras, de onde se projetava um pão francês; no outro, delicadamente equilibrado no ombro, um grande feixe de estiradores de um metro e meio de comprimento: uma expressão perfeita, me pareceu, da moderna sexualidade e espiritualidade de nosso tempo. Mas, logo ao dobrar da esquina, emboscara-se uma outra figura moderna arquetípica, o agente imobiliário, cujas frenéticas especulações da década de 70 fizeram muitos artistas os quais não tinham esperanças de poder suportar os preços que sua presença ajudara a criar. Aí, como em tantas cenas modernas, as ambiguidades do desenvolvimento estavam em ação.
Marshall Berman | 1982
Trad.: Carlos F. Moisés
Ana N. L. Ioriatti
Trad.: Carlos F. Moisés
Ana N. L. Ioriatti