da arte de ler anúncios
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Caberia observar aqui, de passagem, que boa parte do primarismo dos recursos de expressão usados pela publicidade, sobretudo a televisiva, deriva de um empenho de infantilizar o adulto para despertar-lhe o sentido lúdico, sempre tão vivo na criança, e torná-lo assim mais facilmente vulnerável à persuasão. Misturar lição com diversão, remédio com doce, é a mais tradicional das fórmulas pedagógicas, pelo que não estranha serem as crianças as mais diretamente afetadas pelos intervalos comerciais de televisão: cantarolam os jingles e sabem de cor as falas dos atores de muitas de suas historietas ilustrativas.
José Paulo Paes
1985