O trabalho está matando as pessoas, e a má qualidade de vida definha aos poucos o cérebro das pessoas do terceiro mundo. A pessoa não consegue formular frases que fazem sentido, vive hostilizando o próximo e tudo vira motivo de escândalo.
Existe todo um sistema perpetuando a miséria e colocando a carga de violência nas costas dos indivíduos que rejeitam fazer parte desse sistema.
A miséria também encontrou a sua linguagem no rap, no sertanejo, no funk e no gospel. A linguagem vulgarizada é fruto de uma sociedade confusa e desorganizada, mas agora com uma gramática muito mais pornográfica. E, paradoxalmente, a miséria remunera muito bem os produtores de lixo.
É nesse contexto que o socialismo é importante, porque ele não é apenas uma ideologia, mas um filtro ético sem o qual a civilização moderna é incapaz de existir. Sem esse filtro, a economia narcocapitalista despeja sua imundice na vida doméstica que é digerida diariamente e, pior, sem crítica pelos telespectadores do terceiro mundo. Sem esse filtro nós sequer debateremos a construção de uma boa sociedade.