2.12.24

A política social e a crise das drogas


O surto de consumo de cocaína correlacionou-se com grandes processos sociais e econômicos, entre eles uma estagnação historicamente sem precedentes dos salários reais, a partir de 1973, um ataque efetivo à mão-de-obra, a fim de restabelecer os lucros empresarias num período de declínio da dominação global dos EUA, uma transição no mercado de trabalho para mão-de-obra altamente qualificada ou para empregos no setor de serviços, muitos dos quais eram becos sem saída mal remunerados, e outra mudanças rumo a uma sociedade composta de duas camadas, com uma subclasse grande e crescente atolada no desamparo e no desespero. As drogas ilegais proporcionam lucro aos empresários de guetos, que dispõem de poucas opções alternativas, e levam a outros um alívio temporário de uma vida intolerável. Esses fatores cruciais recebem uma atenção ocasional da corrente dominante. Assim, um especialista citado no Wall Street Journal comentou que "o que há de novo é o grande número de pessoas dos bairros pobres - negros e hispânicos - suficientemente desiludidas, com um nível real de desesperança. A maioria dos países do norte europeu não tem nada que seja nem remotamente comparável".