6.4.25

A província neoliberal


Em princípio, dar oportunidades às pessoas de assumir responsabilidades e uma rigorosa formação científica seriam primordiais de uma boa cidade. A maturidade encontraria nesse espaço racional um solo fértil. As pessoas moralmente maduras são seres humanos que crescem sob condições minimamente boas. Em vez de união, o evitamento e a separação tornaram-se estratégias das cidades contemporâneas para perpetuar os privilégios e riqueza totalmente ilícitos.

As desigualdades socioeconômicas e socioespaciais das cidades brasileiras levam à experiências negativas: a suspeita em relação aos outros, a intolerância face à diferença, o ressentimento com estranhos, a hostilização e a exigência impar de bani-los, assim como a preocupação histérica e paranoica com a "lei e a ordem" que, paradoxalmente, nunca são garantidas.

Não admira que nesta sociedade subdesenvolvida o apoio ao sentimento de grupo tende a ser procurado na ilusão religiosa e em representantes antidemocráticos. Numa localidade alienada fica extremamente difícil adquirir preceitos de harmonia estética e da razão para por em prática a qualidade de vida. A religiosidade alimenta a conformidade. A cidade sem planejamento (harmonia estética e estrutura de qualidade) e cuidado fica associada ao perigo e não com a segurança, gera incertezas e não estabilidade.