25.2.21

Sinais de advertência

 

Não temos que procurar por réplicas exatas, com veteranos fascistas tirando o pó de suas suásticas. Os colecionadores de parafernália nazista e os neonazistas de linha dura são capazes de provocar violência destrutiva e polarização.


Todos têm certeza de que sabem o que o fascismo é. Na mais explicitamente visual de todas as formas políticas, o fascismo se apresenta a nós por vívidas imagens primárias: um demagogo chauvinista discursando bombasticamente para uma multidão em êxtase; fileiras disciplinadas de jovens desfilando em paradas; militares vestindo camisas coloridas e espancando membros de alguma minoria demonizada; invasão-surpresa ao nascer do sol e soldados de impecável forma física marchando por uma cidade capturada.

A imagem do ditador todo poderoso personaliza o fascismo, criando a falsa impressão de que podemos compreendê-lo em sua totalidade examinando o líder, isoladamente. Essa imagem, cujo poder perdura até hoje, representa o derradeiro triunfo dos propagandistas do fascismo. Ele oferece um álibi às nações que aprovaram ou toleraram os líderes fascistas, desviando a atenção das pessoas, dos grupos e das instituições que lhes prestaram auxílio. Necessitamos de um modelo sutil do fascismo, que examine as interações entre o líder e a nação, e entre o partido e a sociedade civil.

A religião pode ser tão poderosa quanto a nação como motor propulsor da identidade. Na verdade, em algumas culturas, a religião pode ser muito mais poderosa que a identidade nacional. Nos fundamentalismos religiosos integristas, a promoção violenta da unidade e do dinamismo da fé podem funcionar de modo muito semelhante ao da promoção violenta da unidade e do dinamismo de nação. 

Sabendo o que sabemos hoje sobre o ciclo fascista, poderemos encontrar sinais de advertência ainda mais funestos em situações de impasse político diante de uma crise, em que os conservadores ameaçados procuram por aliados brutais, dispostos a abrir mão do devido processo legal e do estado de direito, tentando angariar o apoio das massas por meio de demagogia nacionalista e racista.

O fascismo tem que ser definido como uma forma de comportamento político marcado por uma preocupação obsessiva com a decadência e a humilhação da comunidade, vista como vítima, e por cultos compensatórios da unidade, da energia e da pureza, nas quais um partido de base popular formado por militantes nacionalistas engajados, operando em cooperação desconfortável, mas eficaz com as elites tradicionais, repudia as liberdades democráticas e passa a perseguir objetivos de limpeza étnica e expansão interna por meio de uma violência redentora e sem estar submetido a restrições éticas ou legais de qualquer natureza.