29.6.24

My effin' life


Nossa primeira casa era alugada, ficava na Crawford Street, lugar que hoje chamam de Little Portugal, onde minha irmã Susie nasceu; quando eu nasci, nos mudamos para outra, também alugada, uma quadra acima, na Shaw Street. Quando eu tinha cinco anos, meus pais já haviam guardado dinheiro suficiente para comprar uma casa, e esse investimento os levou para o norte, para o número 53 da Vinci Crescent, um pequeno bangalô no subúrbio de Downsview, na zona norte de Toronto.

Árvores frutíferas à parte, como eram esses subúrbios? Em uma palavra: insípidos. Em duas palavras: tediosamente insípidos. A arquitetura era sem imaginação e repetitiva; as construções presavam a praticidade em vez de estética, com garagens protuberantes na frente de casas - a mensagem inevitável de que os carros eram mais importantes que as pessoas que lá viviam. Os bairros não eram arborizados, os quintais eram grandes, mas quase vazios, exceto por um ou dois balanços, com cercas de metal ou de madeira tão baixas que era possível espiar o que os vizinhos estavam fazendo. Ironicamente, muitos anos mais tarde, quando meu filho Julian tinha a mesma idade e nós o levávamos para o subúrbio para visitar minha mãe, ele não queria ir mais embora. Ele perguntava: "Por que não podemos morar aqui no subúrbio, como a Bubbe? É tão limpo e tão lindo". Impressionante! Acho que o sonho de uma criança deve ser o pesadelo de outra.

Geddy Lee