20.11.24
A Idade Média, naturalmente
Cosmos
18.11.24
Da ação humana sobre a geografia física
Acampando como um viajante de passagem, o bárbaro pilha a terra; explora-a com violência sem lhe devolver em cultura e cuidados inteligentes as riquezas que lhe tomou; ele acaba inclusive, por devastar a região que lhe serve de moradia e torná-la inabitável. O homem verdadeiramente civilizado, compreendendo que seu próprio interesse confunde-se com o interesse de todos e aquele da própria natureza, age completamente diferente. Ele repara os estragos cometidos por seus predecessores, ajuda a terra em vez de encarniçar-se brutalmente contra ele; trabalha pelo embelezamento tanto quanto pela melhoria de sua extensão. Ele não sabe apenas, na qualidade de agricultor e industrial, utilizar cada vez mais os produtos e as forças do globo; ele também aprende, como artista, a dar às paisagens que o cercam mais encanto, graça ou majestade. Tornado "a consciência da terra", o homem digno de sua missão assume por isso mesmo uma parte de responsabilidade na harmonia e na beleza da natureza circundante.
17.11.24
Forjando a cultura da classe operária
Bibliografia
A cidade contém: populações excedentárias, satélites da grande indústria, «serviços» de toda a espécie (dos melhores aos piores). Sem esquecer os aparelhos administrativos e políticos, os burocratas e os dirigentes, a burguesia e os seus séquitos. Por consequência, cidade e sociedade marcham lado a lado e confundem-se, visto que a cidade acolhe no seu seio, como «cidade capital», o próprio poder capitalista, o Estado. É neste quadro que se opera a repartição dos recursos da sociedade, prodigioso misto de sórdido cálculo e de insensato desperdício.
Interrogamos os textos em nome do presente e do possível, o que é precisamente o método de Marx e o que ele indica a fim de que o passado (acontecimentos e documentos) reviva e sirva o futuro.
Por que não me ufano
Os habitantes dos bairros pobres do Paraná pouco dão entre si. Poucas são as pessoas que se cumprimentam na rua e até mesmo à beira-mar. E menos ainda conseguem entabular uma conversação porque não têm nada a acrescentar, afinal, o que poderia sair da cabeça dos colonizados carentes de fundamento e condicionados pelas músicas vulgares da indústria cultural?
A relação entre os vizinhos, que foram divididos em lotes desiguais, andei observando, é tensa e desarmoniosa, muito ruidosa e, quando muito, hostil. A deseducação é o hábito dos cristãos e ninguém irá mudar essa condição patológica do terceiro mundista. A escola não cumpriu a sua função de desenvolver uma população inteligente e moderna e a vida universitária é uma ilusão.
The lives of the stars
The philosophy of Marx
16.11.24
The decisive moment
A razão gulosa
Na falta de certezas sobre o além e suas promessas de felicidade - os édens alimentares e nutritivos, sexuais e bucólicos, líquidos e sensuais - os cristãos, e mesmo os que não o eram, frequentemente usaram e abusaram da pátria sublime, da alma ardente do vinho, da quinta-essência ou da água de fogo, também dita água de ouro ou permanente. De modo que, enquanto esperavam a vida eterna e a felicidade dos anjos, os homens pediram muitas vezes à aguardente os transportes que a teologia, se não os roteiros da Igreja, não lhes permitiam. Tem-se a água lustral que se pode...
No corpo do alcoólatra habituado a substâncias temperadas estão instaladas e sedimentadas as partes voláteis dos aromas. Imputrescíveis, elas marcam a carne, fazem dela matéria explosiva. Beber álcool é transformar-se em álcool e, portanto, arriscar-se a explodir se as condições se apresentarem. A leitura sumária do real, a teoria dos fluidos e a dos humores hipocráticos provocam ilusões substancialistas e animistas que os higienistas, dietistas, médicos e cientistas, agindo de par com as autoridades políticas, mais ou menos voluntariamente exploram um terreno ideológico.
O corpo é uma alambique, uma máquina que destila e transforma as moléculas alcoólicas em explosivos potenciais. A carne é um reservatório desses perigos; o fogo, uma danação consubstancial com o pecado dos que preferem a aguardente, e seus efeitos imanentes, à água benta, cuja eficiência muitas vezes demora a aparecer. No mal-estar que se expressa no amante de álcoois destilados, aflora a dor de ser, o sofrimento existencial que consolos excessivamente celestiais não consegue vencer. A sanção médica é também teológica: o fogo aguarda os que pecaram bebendo, porque liberaram suas energias animais, solicitaram perigosamente de seus espíritos vitais, renderem-se à sua parte dionisíaca.
A aguardente é bebida de vitalidade, de substâncias miríficas, pelos efeitos rápidos e seguros que produz. Eis, aliás, as razões por que é mais suspeita que as demais bebidas alcóolicas: ela é veículo diligente, presto e lesto que conduz a esferas onde dançam o ar as almas. O espírito etílico é semelhante ao éter. Derramado numa mesa, molhado na trama de um pano, espalhado no dorso da mão, ele se consome sem chama nem calor, desaparece na transparência; absorvido pelo ar, a este misturado, ascende às regiões celestiais, onde certamente encontrará as destilações dos destilados, os espíritos do espírito já quinta-essenciado. Sempre mágico, o evaporado é a prova de um céu, por supor um espaço que se alimente dos vapores alcoólicos. Nos limbos do céu mora o restante da parte dos anjos.
15.11.24
Planet of slums
14.11.24
Mini galeria de perguntas meramente retóricas
Quais são as cidades brasileiras onde a qualidade de vida seja real, que são boas para caminhar e pedalar, que são boas para permanecer, que são boas para encontrar pessoas esclarecidas, que sejam expressivas e belas, que possam nos proporcionar boas experiências?
Por que não me ufano
Por que não me ufano
Reference
13.11.24
Marxism
O universo inesperado
A Arqueologia é a ciência da tarde do homem, não é a dos seus triunfos do meio dia. Falei da minha visita a um pântano engrinaldado de chamas, ao cair da noite. Tudo nele havia sido substância, matéria, fios pendentes, velhos envoltórios de sanduíches, presentes quebrados e armações de camas de ferro. Entretanto, nada havia presente que a Ciência não pudesse reduzir aos seus elementos, nada que não fosse produto do mundo urbano, cujas torres distantes se erguiam, trêmulas, na obscuridade, além do charco. Lá, no depósito de lixo da cidade, jaziam os surrados destroços da vida: o fragmento brilhante de um velho disco que roubara um coração humano, flores murchas entre latas amolgadas de cerveja, a faca abandonada de um assassino, ao lado de uma colher quebrada. Era tudo um labirinto de invisíveis e flutuantes conexões, e o seria até que perecesse o ultimo homem. Todos esses materiais abandonado já tinham sido sujeitos ao poder dissolvente da mente humana. Haviam sido arrancados de veios profundos de rochas, fervidos em grandes cadinhos e transportados a milhas de distância das suas origens. Tinham assumido formas que, se bem materiais, haviam existido primeiro como projetos na profunda escuridão de um cérebro vivo. Tinham sido definidos antes da sua existência, nomeados e afeiçoados no sopro de ar que denominamos palavra. Essa palavra fora evocada numa caixa craniana que, com todos os seus poderes contidos e ocultos paradoxos, surgira de maneiras que só podemos retraçar vagamente. Afirma-se que Einstein, de uma feita, teria dito que se recusava a acreditar que deus jogasse dados com o universo. Ao examinarmos, porém, o longo curso retrospectivo da História, diríamos que a liberdade do tempo, inesperadamente, é um elemento essencial da sua criação. Toda vez que nasce uma criança, os dados, na forma de genes, de enzimas e dos intangíveis do meio casual, estão sendo rolados outra vez, como quando a figura encardida do fogo sibilou ao meu ouvido a tragédia dos recém-nascidos desamparados da cidade. Cada um de nós é uma impossibilidade estatística, em torno da qual paira um milhão de outra vidas, destinadas a não nascer - que, todavia, não se manifestam, um potencial escondido no escuro depósito do vazio.
Saudações aos rios
11.11.24
The Lives of the Stars
Latifúndio da comunicação
10.11.24
Porque ler os clássicos
No caminho para a casa da rapariga dos óculos escuros atravessaram uma grande praça onde havia grupos de cegos que escutavam os discursos doutros cegos, à primeira vista nem uns nem outros pareciam cegos, os que falavam viravam inflamadamente a cara para os que ouviam, os que ouviam viravam atentamente a cara para os que falavam. Proclamava-se ali o fim do mundo, a salvação penitencial, a visão do sétimo dia, o advento do anjo, a colisão cósmica, a extinção do sol, o espírito da tribo, a seiva da mandrágora, o unguento do tigre, a virtude do signo, a disciplina do vento, o perfume da lua, a reivindicação da treva, o poder do esconjuro, a marca do calcanhar, a crucificação da rosa, a pureza da linfa, o sangue do gato preto, a dormência da sombra, a revolta das marés, a lógica da antropofagia, a castração sem dor, a tatuagem divina, a cegueira voluntária, o pensamento convexo, o côncavo, o plano, o vertical, o inclinado, o concentrado, o disperso, o fugido, a ablação das cordas vocais, a morte da palavra, Aqui não há ninguém a falar de organização, disse a mulher do médico ao marido, Talvez a organização seja noutra praça, respondeu ele.
...
Atravessaram uma praça onde havia grupos de cegos que se entretinham a escutar os discursos doutros cegos, à primeira vista não pareciam cegos nem uns nem outros, os que falavam viravam inflamadamente a cara para os que ouviam, os que ouviam viravam atentamente a cara para os que falavam. Proclamavam-se ali os princípios fundamentais dos grandes sistemas organizados, a propriedade privada, o livre câmbio, o mercado, a bolsa, a taxação fiscal, o juro, a apropriação, a desapropriação, a produção, a distribuição, o consumo, o abastecimento e o desabastecimento, a riqueza e a pobreza, a comunicação, a repressão e a delinquência, as lotarias, os edifícios prisionais, o código penal, o código civil, o código das estradas, o dicionário, a lista de telefones, as redes de prostituição, as fábricas de material de guerra, as forças armadas, os cemitérios, a polícia, o contrabando, as drogas, os tráficos ilícitos permitidos, a investigação farmacêutica, o jogo, o preço das curas e dos funerais, a justiça, o empréstimo, os partidos políticos, as eleições, os parlamentos, os governos, o pensamento convexo, o côncavo, o plano, o vertical, o inclinado, o concentrado, o disperso, o fugido, a ablação das cordas vocais, a morte da palavra. Aqui fala-se de organização, disse a mulher do médico ao marido, Já reparei, respondeu ele, e calou-se.
9.11.24
8.11.24
Em louvor ao papel
Os leitores discutiam o grau de brancura, a textura e a elasticidade do papel. Eles empregavam um rico vocabulário estético para descrever suas qualidades, tal como o fazem hoje em relação ao vinho.
Analfabetismo
7.11.24
Let's play that
6.11.24
Por que não me ufano
Your Decision
Time to change has come and gone
Watched your fears become your god
Overwhelmed, you chose to run
Apathetic to the stunt
Alice in Chains
4.11.24
Breve história da democracia
2.11.24
Literatura brasileira
31.10.24
Periferia da superstição
Por que não me ufano
Por que não me ufano
Os fascistas na folha de pagamento das estruturas públicas e a senzala rezando e falando merda. A classe dominante usa o Estado para perpetuar a miséria e concentrar mais poder e mais renda e os escravos continuam desorganizados esperando gêzuiz cair do céu.
Por que não me ufano
30.10.24
O mundo assombrado pelos demônios
28.10.24
Por que não me ufano
La cérémonie des adieux
27.10.24
26.10.24
Por que não me ufano
Analisou muito bem Darcy Ribeiro, a classe dominante está enferma de desigualdade. Os senhores e seus descendentes estão condenados a degradantes mantenedores da desigualdade e da opressão.
25.10.24
Teocracia
Se o ministério público (entre outras estruturas públicas) mostra-se nitidamente comprometido com a religião, quem são os "profissionais" dispostos a promover a laicidade do Estado brasileiro? Haverá qualificados para tal engajamento?
24.10.24
Teocracia
Teocracia
Teocracia
23.10.24
Por que não me ufano
Como justificar uma biblioteca particular
22.10.24
Por que não me ufano
Livraria é uma estrutura que não faz parte da vida do paranaense, mas as mentiras teológicas dominam os ignorantes com título de eleitor. Tiraram o consumo do saber fundamentado e colocaram no poder o conteúdo reducionista da rede massa.
Não são apenas os livros que os colonizados da família massa odeiam, mas todo um saber fundamentado e crítico. Qualquer pessoa que não colabore com a falação de merda entra imediatamente no radar de ódio dos peões do boteco do ratinho.
No mais, o brasileiro precisa deixar de ser mentiroso e cuzão e começar a falar a verdade sobre as suas biqueiras.
21.10.24
Por que não me ufano
Por que não me ufano
Por que não me ufano
No mínimo é curioso: na democracia brasileira as funcionárias do estado não podem se expressar criticamente a respeito do governo sem estar expostas constantemente a todo tipo de assédio.
Onde estamos agora
O grande embusteiro
Por que não me ufano
Por que não me ufano
Hoje está comprovado que um programa de baixo nível intelectual como o Boteco do ratinho pode ser uma entidade política que chamamos de Estado, pois é o filho do maior falador de merda vivo que comanda o Paraná.
Neste contexto, podemos desenvolver a ciência e a filosofia o sem o Estado. O que seria até melhor.
Para corroborar o que estou dizendo, gostaria que alguém me apontasse uma pessoa, um servidor inteligente que está na folha de pagamento do Estado.
Por que será que o secretário de educação não escreve com fundamentação, não promove a leitura como objetivo geral? Ninguém precisa responder, é tudo tão previsível em geografias subdesenvolvidas.